A minha curiosidade em experimentar um veículo elétrico sempre foi grande, e a oportunidade surgiu com o BMW i3 disponível num daqueles serviços de carsharing. Fiquei simplesmente abismado com a condução: a potência instantânea aliada a um silêncio ensurdecedor daquele zumbido futurista de quando aceleramos a fundo num veículo elétrico.

A partir desse momento não fiquei com mais dúvidas de que o meu próximo carro seria um elétrico. Mas claro, existem outras vantagens associadas aos elétricos: baixo custo de manutenção e de carregamento (em casa) e a não poluição direta nas ruas das cidades. Porém, a principal razão de ter mudado foi sem dúvida o prazer de condução, o que até é o mais subjetivo de todas as vantagens.

Por outro lado, não vou negar que fiquei satisfeito com as poupanças financeiras que sabia que iria ter e que se vieram a confirmar. Por exemplo, 95% dos carregamentos que faço são em casa, em horário de vazio. Desse modo, não pago mais dos que 2€ por 100 Km – conta muito conservadora. Além disso, por ter um veículo elétrico, posso estacionar nas ruas de Lisboa – onde vivo – por apenas 12€ por ano, mas “apenas” onde estacionamento é explorado pela EMEL. Isso acontece através do chamado “Dístico Verde” e que também teve um peso decisivo na hora de optar por um elétrico.

Com efeito, a escolha do veículo também não foi muito difícil, pois o dinheiro não abundava e em 2019 não havia assim tantas opções. O Nissan Leaf era a escolha mais que óbvia, sobretudo por ser um modelo muito estabelecido no mercado e com bom feedback dos proprietários. A versão que escolhi foi a Tekna – a mais equipada de todas – com uma bateria de 40 kWh.

Esta versão vem equipada com ProPilot, que não é mais do que um assistente ativo à faixa de rodagem com cruise control adaptativo. Ou seja, posso conduzir em autoestrada sem ter de tocar nos pedais e no volante (apenas durante alguns segundos). Funciona bem se as marcações da estrada forem boas e as curvas pouco acentuadas. Também é bastante útil no trânsito da cidade, em que com apenas um botão, fazemos o carro seguir o da frente sem qualquer intervenção adicional.

A bateria deste modelo é relativamente pequena, mas para cidade é mais que suficiente. Durante o ano, mais de 90% dos quilómetros que faço são dentro da grande Lisboa. Porém, se quiser fazer uma viagem longa, o Leaf não é o veículo mais indicado para isso, pois por incrível que pareça não vem equipado com o mecanismo de arrefecimento de bateria, algo essencial para fazer carregamentos rápidos – mas que eu já sabia. Por isso o que acontece é que, ao fim de 2 ou 3 carregamentos rápidos, a temperatura da bateria atinge valores muito altos e a velocidade de carregamento é limitada pelo veículo por forma a continuar a fazer o carregamento em segurança. Isto faz acrescentar horas essenciais a uma viagem longa (mais de 300Km, por exemplo). Tendo em conta este motivo, não planeio viagens com o Leaf em que tenha de fazer mais do que 1 carregamento a meio. Praticamente em qualquer outro veículo elétrico não deverás encontrar este problema, só mesmo no Leaf.

Assim, com a carga a 100%, tenho tido uma autonomia que varia entre os 150 e 190 Km em autoestrada a 110 Km/h, dependendo das características do percurso (subidas), da temperatura (AC on ou off) e tempo (chuva/vento). Se for em cidade, a autonomia varia entre os 200 e 240 Km, sendo que neste caso deverá acrescentar-se o trânsito como outro fator que faz a autonomia variar (mais pára-arranca, menos autonomia).

Dito isto, nunca me arrependi da minha escolha. A transição para um veículo elétrico foi muito fácil. Um fator que contribuiu para esta ótima transição foi o e-pedal do Leaf. Basicamente, é uma função que permite conduzir apenas com o pedal do acelerador, pois ao tirarmos o pé, o carro começa a travar (e a regenerar bateria) até parar completamente. Aliás, é como aprender a conduzir de novo, mas ao fim de 1 semana já dominava bastante bem. É algo que também existe noutros veículos elétricos e que recomendo vivamente utilizarem. Pois além de tornar a condução mais fácil, também vai poupar os travões.

De resto, o Leaf também tem sido bastante fiável e eficiente. O único problema que tive foi com a câmara traseira de estacionamento, trocada ainda em garantia (3 anos).

Apesar de ainda insuficientes, existem agora mais estações de carregamento disponíveis do que há quatro anos em Lisboa. Por isso é relativamente fácil encontrar uma estação para carregar o carro quando preciso de o fazer fora de casa. Se está a funcionar ou desocupada já é outra questão, daí a necessidade de mais carregadores.

Por fim, posso dizer que a minha experiência de quatro anos como proprietário de um Nissan Leaf tem sido muito positiva. O carro é divertido de conduzir e é uma excelente opção para me deslocar em cidade. Já para quem pensa ter um veículo elétrico para viagens longas com frequência, a melhor opção continua a ser um Tesla pela boa rede de carregamentos que tem. No entanto, esta rede deverá ser aberta nos próximos tempos aos restantes veículos e será muito interessante ver o que acontece.


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